"Quando os processos educacionais são suplantados, sucateados e sofrem inanição a nação entra em um processo de inanição, sucateamento e por fim a sua total suplantação."
Ricardo Rocha - Fundador do Instituto Primeiro Amor
O PAE - Primeiro Amor Educacional é o braço de ação do Instituto Primeiro Amor, que tem por objetivo e missão transformar nossa nação por meio da educação e cultura.
Em nosso país a cultura vem sofrendo um processo de inanição, de maneira organizada a muitos anos, o que ocasionou um sucateamento dos processos educacionais, que conduzem a suplantação da própria nação.
A questão da cultura e da educação no Brasil, podem e devem ser elencadas como os maiores problemas de nossa nação. Uma cultura inferior pode ser definida como o fator motivador, nascedouro ou ainda causador de inúmeros outros problemas. Quando nos deparamos com a falta de cultura e processos educacionais ineficientes, estamos diante da gênese dos problemas de nossa nação, e aqui não há um reducionismo da questão, mas sim uma análise, do que há tanto está posto diante de nossas faces.
Ao observar-se alguns ciclos que ocorrem na sociedade, podemos claramente, detectar padrões que ocasionam um sem número de problemas sociais, e oneram os cofres públicos anualmente, sem que para tal haja uma resposta verdadeiramente significativa, ou que provoque uma redução nos indicadores que aferem essas questões.
O fomento e oferta de cultura e educação, comprovadamente adequadas é o único meio de afetar positivamente a sociedade, pois a medida que ao indivíduo é ofertada tal oportunidade, o quadro socioeconômico vai sendo alterado. Alterando por consequência o perfil da nação.
Como primeira tratativa é importante demonstrar um quadro que apresenta um ciclo da cultura inferior, que conduz a outros microciclos que culminam em problemas sócias que se denominam como sistêmicos, mas que na verdade tratam-se de problemas de cultura e educação.
O Instituto Primeiro Amor tem como linha central de ação a crença de que o assistencialismo sempre foi, é e será algo maléfico a coletividade e conduzirá fatalmente o indivíduo a ser escravo de um sistema que nunca o emancipará e o conduzirá sempre a ser massa de manobra. Mas existe por nossa parte também o entendimento que muitos indivíduos estão em uma situação que perderam a gestão de suas próprias vidas, e devido a isso encontram-se em situação de vulnerabilidade socioeconômica e por vezes até em situação de rua. Infelizmente esse tipo de situação é ocasionada, por uso contínuo de substâncias psicossociais (álcool, drogas e afins) ou os vícios vem a reboque quando a única opção é manter-se sob efeito de "algo", para "suportar" a realidade.
Quando analisamos os dados do Observatório Nacional dos Direitos Humanos, órgão do Ministério dos Direitos Humanos, somos impactados com o número de 54.812 vivendo em situação de rua na cidade de São Paulo, sendo que esse número representa 24,8% do total de pessoas nessa situação em nosso país. Já o Estado de São Paulo concentra 41% das pessoas nessa situação em nosso país chegando ao número de 91.434 pessoas. Como anteriormente citado os fatores que conduzem essas pessoas a tal situação são diversos e grande tem sido a ineficiência na tratativa das pessoas nessas condições.
Tomando como ponto de partida a questão dos centros de acolhida (albergues) muitos moradores de rua relatam preferirem a rua a tais centros, por conta de violência, furtos e abusos, sendo essa uma opção que a grande maioria rejeita. A população em situação de rua não constitui uma população homogênea. Há uma variedade de soluções dadas à sobrevivência e formas de abrigo, o tempo de permanência na rua, a trajetória anterior à situação de rua, a herança cultural e social (os valores vividos anteriormente), o tempo e as formas de rompimento dos vínculos familiares e/ou comunitários, os tipos de socialização que se consolidam na rua, a rotina do uso abusivo de substâncias psicossociais (álcool e/ou outras drogas) e o seu grau de comprometimento, as condições de autoestima, o gênero e as possibilidades de vivência de violências, a idade e a capacidade de proteção, a escolaridade e as formas de reintegração que almejam, entre outros aspectos. Logo as ações ofertadas pelo poder público acabam não surtindo grande efeito pelo fato de serem na sua maioria um fim em si mesmas, não apontando para um caminho pós ação. E nesse ponto é justamente onde entramos, primeiro analisando a composição do grupo de pessoas que se encontram nessa condição.
Em 2023, de acordo com os dados do Cadastro Único, o perfil era majoritariamente masculino (88%), de pessoas negras (68%, somando pardas, 50%, e pretas, 18%) e em idade adulta (57% tinham entre 30 e 49 anos).
Ao observar esses números podemos obter duas conclusões rápidas, a primeira é que 57% da população da rua está em idade comercial ativa, com média de 42 anos.
A segunda é que 27% dessas pessoas tem a reciclagem como atividade econômica principal.
E a isso se junte os dados da SP INVISÍVEIS e vamos construir um quadro:
Já dormiram em albergue.
Gostaria de sair da rua.
Tem problemas de saúde.
Consomem crack.
Estão desempregados.
Já sofreram violência.
Diariamente, 12 mil toneladas de lixo são produzidas pelos cidadãos paulistanos em suas residências, de acordo com a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana.
O dado alarmante é que embora se estime que 40% desse volume poderiam ser reciclados, somente 7% é efetivamente reaproveitado.
Logo temos uma demanda gigantesca para o reaproveitamento desse resíduo gerado, sendo que nesse ponto temos a oportunidade para a solução de dois problemas:
A questão das pessoas em situação de rua e o tratamento de resíduos em nossa cidade
Cabe salientar aqui que não estamos incluindo nessa conta aqui os resíduos industriais, que chegam a marcas gigantescas, sendo que apenas a região do Bom Retiro produz dia algo entre 6 e 30 toneladas de "retalhos", que simplesmente são descartados em via pública.
Diante deste cenário encontramos a oportunidade de:
Ao longo de mais de 14 anos de existência o Instituto Primeiro Amor acumulou experiência para a tratativa do material mais precioso que existe que é a vida humana e junto de uma parceria que tem em sua rede 32 casas terapêuticas na cidade de São Paulo, encontrou o ponto de equilíbrio entre tratamento para dependentes químicos, reorganização de plano de vida para pessoas em situação de rua, capacitação e recolocação profissional.
A aplicação do Reciclando Vidas ocorre da seguinte maneira:
- Através de nossa rede de ação na rua, captamos pessoas que manifestem o desejo de deixar sua condição atual.
Nesse ponto o diálogo se dá não no âmbito de uma "internação para dependente" ou algo que o valha, mas sim em um planejamento de auto suficiência e mudança de vida baseado em geração de renda e acolhida digna. Ou seja, eu não quero “curar” sua dependência, eu quero te dar um emprego.
- Feita essa captação as pessoas são deslocadas para o prédio de acolhida ( a ser adquirido) no centro da cidade, onde passarão por avaliação com médicos, psicólogos e assistentes sociais.
- Receberão ainda nesse local, os tratamentos médicos iniciais necessários, a obtenção de documentos de identificação e assinarão um termo de consentimento para participação do programa reciclando vidas.
- Na sequência serão encaminhados à fazenda de reciclagem (a ser adquirida), onde serão colocados em uma quarentena, na qual receberão:
- Tratamento para dependentes químicos.
- Complemento ou formação educacional.
- Treinamento operacional como parte da terapia laboral.
Dado esse período a pessoa será orientada e a ela será ofertada a abertura de um MEI, para que ela possa agora obter renda.
- E assim será inserida na linha de produção da fazenda de reciclagem.
Durante esse período ela receberá formação empreendedora e educação financeira, podendo ao final do período de participação no programa (2 anos) continuar a prestar serviço na fazenda de reciclagem.